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“Nada mais justo do que dizer: somos Sementes de Marielle”

A vereadora Edna Sampaio (PT) esteve nesta sexta-feira (10), Dia Internacional dos Direitos Humanos, na ação ``Sementes de Marielle", uma ação do Instituto Marielle Franco, realizada em parceria com coletivos de mulheres de todo o país.



Em Cuiabá, o ato aconteceu na Praça Alencastro, com a presença da vereadora e de lideranças de coletivos representantes de mulheres e da população negra. Também esteve presente a deputada federal Rosa Neide (PT).

A programação contou com exposição de quadros da arte-educadora Cristina Soares e da estudante Julia Beatriz, do Projeto Simbiose e declamação da escritora Luciene de Carvalho sobre o poema “Canção Noturna para Marielle”, composto por ela em homenagem à parlamentar.

A obra integra o livro “Na pele”, que será doado pela artista ao Instituto Marielle Franco. Houve também intervenções culturais com o uso de lenços e cartazes com a palavra de ordem “Não seremos interrompidas” e mensagens de mulheres e mulheres trans negras eleitas em todo o país, as quais têm sido vítimas de violência.

A vereadora lembrou que, durante sua trajetória política, sempre foi associada a Marielle, e que se sente muito honrada com isso.

“Nada mais justo do que dizer que somos Sementes de Marielle. Foi a morte da Marielle que levantou as mulheres negras e repercutiu, mundo afora, a violência que nós sofremos cotidianamente. Não é fácil ser uma mulher negra e ser vereadora da capital de Mato Grosso, um estado tão conservador, racista e machista. Uma mulher negra quando se levanta, levanta com ela também todo o preconceito. Ela não pode ser atrevida, pois é tachada de arrogante, não pode ter iniciativa, porque não faltarão dedos apontados para ela para dizer que ela não sabe quem é”, disse a vereadora.

“Uma mulher negra não pode ter protagonismo nem ser diferença, pois, ao fazer isso, incomoda a supremacia da branquitude, que todas as pessoas brancas, conscientes ou não, têm dentro delas”, comentou.



Edna enfatizou como todos fomos subjetivados pelo preconceito e somos racistas, diferenciando, no entanto, que, para as pessoas negras, a compreensão sobre o racismo é mais precoce e mais profunda, pois é sentida na pele.

“A diferença é que nós, pessoas pretas, descobrimos muito cedo porque o racismo dói em nós e porque dói, nós conseguimos compreender o que é isso. Imagina para quem não sabe o que é isso, não vive, não tem sobre seus corpos os dedos apontados dia após dia, com fofocas, termos pejorativos, com o incômodo que as pessoas sentem diante de uma mulher negra, inteligente, empoderada, e que não se coloca como propriedade [...] ser preta num espaço de branco e com autonomia e a voz negra e a daqueles que não podem ser ouvidos, é algo desafiador, extremamente difícil”, disse ela. “É muito importante para mim hoje estar aqui dia 10, um dia em que na Câmara também estamos com diversas atividades. Lá na Câmara, foram colocadas agora as fotos das mulheres que já foram deputadas desde 1947. São 230, elas estão em uma parede. Com os homens, não dá para fazer uma galeria, pois são 10.500. Isso mostra o quanto de violência política durante toda a história do Brasil, especialmente as negras, indígenas, pobres. A mulher que vive na periferia, independentemente de sua etnia, é pobre e não ocupa os espaços de poder neste país. Sabemos o quanto de massacre as mulheres durante dota a história do país vem recebendo, e hoje esta celebração é para denunciar e também para resistir, para encorajar”, disse a deputada estadual Professora Rosa Neide.


A arte-educadora Cristina Soares, exibiu o quadro de sua autoria que será doado para o Instituto Marielle Franco. “Quando mataram Marielle, pensaram que este movimento não existiria mais, que não era possível estarmos aqui hoje, assim como aconteceu com Tereza de Benguela. Quando ela foi morta pelos colonizadores, pensaram que as mulheres negras iam silenciar, mas olha nós aqui. Estamos aqui porque não aceitamos nenhum tipo de opressão, porque a arte é libertadora, é uma honra participar”, disse.

O evento contou também com a presença de covereadoras do Mandato Coletivo pela Vida e por Direitos. “Achei uma manifestação extremamente importante, a nossa luta para que a mulher tenha visibilidade, consiga participar da política mais efetivamente do que tem disso hoje. Não dá mais para fazer política sem mulheres. Somos a maioria da população e a minoria no Congresso. Nossa luta é para não sermos interrompidas”, disse a covereadora, Maristhela Garcia Freitas. Participam da ação os coletivos: Ong Laço Analítico, Escola de Psicanálise na Rua, Movimento Nós do Renascer, Comissão em Defesa da Igualdade Racial OAB-MT, Secretaria Estadual de Mulheres do PT, Movimento Negro Unificado (MNU), Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso e Movimento de Economia Solidária, Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro, Indígena e de Fronteira Maria Dimpina Lobo Duarte (NUMDI) e Ong Ipê Rosa.

“Nosso objetivo é pedir justiça pela morte da Marielie, pois ela foi uma defensora muito importante dos direitos humanos, sempre foi lutadora. Tivemos o privilégio de conhecê-la pessoalmente e hoje estamos aqui para pedir justiça. A luta por direitos humanos é a luta pelo direito do povo, das mulheres, dos indígenas”, disse uma das lideranças do coletivo Nós do Renascer, Elisângela Renascer.

Em Mato Grosso, o ato acontece também em Sinop, Juína, Juara e Cáceres.

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