“Enquanto eu era cassada, eles negociavam propina”, diz deputada Edna
- Neusa Baptista
- há 5 dias
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Por: Neusa Baptista
Foto: Dizão Leão
A deputada Edna Sampaio (PT) se manifestou sobre o fato de que duas figuras centrais em seu processo de cassação agora respondem na Justiça por crimes que teriam cometido enquanto a acusavam.
Presidente da Câmara Municipal de Cuiabá no período em que Edna foi cassada, o vereador afastado Chico 2000 (sem partido) é alvo de uma operação que investiga um esquema de corrupção envolvendo pagamento de propina para aprovação de projetos na Casa de Leis.
Autor da representação que cassou a parlamentar petista pela primeira vez, em outubro de 2023, quando era então líder do prefeito Emanuel Pinheiro na Câmara, o ex-vereador Luis Cláudio (PP) é suspeito de integrar uma organização criminosa que desviou mais de R$ 20 milhões do Judiciário mato-grossense.
“Enquanto meu mandato era cassado, havia uma negociação dentro do espaço público para o recebimento de propina, inclusive negociando a agenda da Câmara para colocar em pauta interesses escusos”, disse Edna.
“Isso não é coincidência e eu acredito que o universo, Deus, revela agora o que eu passei sozinha enquanto mulher na Câmara, sendo atacada por esses homens que, agora, nós sabemos que tipo de negócio estavam fazendo no espaço público”, afirmou.
Ela mencionou a situação de vereadores implicados em crimes como lavagem de dinheiro, homicídio e recebimento de propina, os quais não foram objeto de qualquer investigação por parte da Câmara.
E afirmou que a violência do processo de cassação deu-lhe a dimensão da magnitude da desigualdade de gênero e de como esta deveria ser sua principal bandeira.
“O que aconteceu comigo me fez ver que o problema mais importante da democracia é a desigualdade entre homens e mulheres. Fui enxovalhada; minha honra, moral, história, família foram completamente destroçadas justamente por uma cultura machista e racista, porque uma mulher negra nunca se colocou nesse espaço como uma mulher feminista, de esquerda”, disse.
“Em Mato Grosso, pessoas cometem crimes de milhões e nada acontece. São homens no poder. A diferença de tratamento é exatamente a misoginia e o racismo que estão presentes em nosso inconsciente”, disse ela.
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