A vereadora Edna Sampaio (PT) protocolou na noite desta quinta (30) boletim de ocorrência por crime de injúria mediante preconceito contra o vereador Dilemário Alencar (Podemos) devido aos ataques racistas proferidos por ele contra a parlamentar na terça (28), durante a sessão ordinária, quando ofendeu a parlamentar e comparou à cantora Karol Conká, aludindo à alta rejeição despertada pela artista durante sua participação no programa Big Brother Brasil.
A acusação ocorreu depois que a vereadora votou contra o título de cidadã cuiabana concedido à atual ministra da agricultura, Tereza Cristina, por desaprovar a política do governo federal para a agricultura, a qual, segundo ela, deixa a agricultura familiar desassistida em favor do grande empresariado, incentivando a indústria de agrotóxicos e, com isso, impactando o meio ambiente.
Nesta quinta-feira (30), Edna salientou que é papel do parlamento acolher, aceitar posições divergentes e que o racismo impacta profundamente as pessoas negras, mesmo as que, como ela, estão “acostumadas a lidar com espaços racistas, com o racismo estrutural, que não aceita os corpos negros em posições que são consideradas indevidas, um não lugar”, afirmou.
A vereadora destacou o racismo como um elemento estrutural na sociedade e citou como exemplo o crime de racismo e homofobia cometido por um supervisor contra o vendedor João Gabriel Guimarães Vieira na loja de calçados Studio Z do centro de Cuiabá, onde ele foi alvo de piadas e brincadeiras de cunho preconceituoso.
Recentemente, em outra loja da rede, localizada no shopping Pantanal, o engenheiro negro Paulo Arifa foi agredido por seguranças depois de ter sido acusado de roubar um calçado que havia acabado de comprar.
“Não podemos admitir isso, especialmente eu, que estou nesta casa com esta pauta que, para mim, é fundamental no combate à desigualdade neste país”, disse ela.
“A estrutura racial, a racialização é o que impede que mais pessoas negras estejam no assento deste parlamento. É a primeira vez que uma mulher negra tem assento nesta casa, não posso minimizar atos de racismo cometidos contra mim”, argumentou.
“Se eu mesma não posso me defender contra o racismo que me afeta aqui, como posso debater e defender aqueles e aquelas que não têm esse espaço de fala?”, opinou.
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