Lideranças de movimentos sociais negro, estudantil, da luta pela habitação, dos direitos das pessoas em situação de rua, da população LGBT e das mulheres estiveram presentes na Câmara Municipal de Cuiabá, participando do café da manhã realizado nesta terça-feira (5), em frente à Casa para recepcionar a vereadora Edna Sampaio (PT), que retomou seu mandato.
A parlamentar destacou que a procuradoria havia sido notificada no último dia 28 de novembro e informou sobre a assinatura da notificação, por parte do presidente da Casa, vereador Chico 2000 (PL), nesta terça-feira, demarcando sua volta ao plenário.
A parlamentar destacou a responsabilidade institucional da Câmara perante o episódio.
A parlamentar garantiu estar feliz com o retorno e com o apoio que recebeu durante o período em que esteve afastada do gabinete.
“Temos responsabilidades individuais ou institucionais. Estou aqui para marcar a minha volta à Câmara Municipal, de onde jamais deveria ter sido tirada desta forma violenta como fui. Trouxe aqui aqueles e aquelas que constroem conosco o mandato e estou muito tranqüila. Para quem passou o ano todo sendo atacada, desumanizada do jeito que fui, um dia a mais ou a menos não significa nada”, disse.
“Estou muito feliz porque nunca me faltou apoio. Nunca me faltaram pessoas que ficaram do meu lado ao ponto de estarem aqui hoje, demonstrando a sua alegria com o retorno da vereadora Edna Sampaio. Uma sessão, duas sessões, não importa. Quinta-feira estarei aqui e vou atuar como vereadora, como deveria ter sido desde que assumi”, disse ela.
A vereadora criticou o fato de ainda não ter podido tomar assento em sua cadeira, mesmo diante da decisão judicial e enfatizou que é uma voz dissonante no plenário, mas as divergências precisam ser aceitas pelos pares, e defendeu o mandato conquistado democraticamente.
“Seria muito triste se a Câmara tivesse conseguido fazer o que queria fazer, que era eliminar a possibilidade de uma diversidade, de uma voz dissonante”, disse ela.
“Impedir que alguém que tenha recebido um mandato popular o exerça é terrível para democracia. Nós seguimos nosso caminho e acho que a Câmara ganha muito com isso. Não as pessoas que planejaram isso, mas a Câmara enquanto instituição, representação maior da democracia”, afirmou.
Movimentos sociais permaneceram durante toda a manhã em apoio à parlamentar, e prometem estar novamente presentes na próxima quinta-feira (7), quando ela retoma à cadeira e pretende fazer um discurso para marcar a retomada dos trabalhos do mandato.
Emocionada, Edna discursou aos apoiadores. “Durante todo esse processo, eu evitei chorar. A lagrima não ia resolver a atrocidade que fizeram nosso mandato e comigo pessoalmente. Queria muito agradecer a vocês, porque não é fácil acreditar numa verdade, quando a mentira é contada tantas vezes para derrotar uma única mulher”, disse.
Gisele da Silva Oliveira, da coordenação do Movimento das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), destacou que a vereadora foi a primeira parlamentar a abraçar a causa das pessoas portadoras desta doença que, em Mato Grosso, é endêmica.
“Com, a ajuda dela, conseguimos captar vários paciente que precisavam de acomodações, ajuda psicológica, emprego. Ela nos colocou em contato com outras entidades que ampliaram muito nosso trabalho . Ela representa todas as mulheres pretas. Uma das causas do Morhan é o combate ao preconceito e a Edna abraçou essa bandeira”, disse ela.
Ellen Luiza Gomes, do movimento estudantil da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), enfatizou a importância de mulheres comprometidas com as causas sociais.
“A vereadora Edna representa a luta das mulheres negras por mais educação e um espaço melhor de vida. Nós, as mulheres negras da UFMT, lutamos para ter vida e a Edna nos representa nessa luta por educação, moradia, pelo fim da violência. Estávamos órfãos sem a presença da Edna na Câmara. Para nós é muito significativa sua volta. Ela é muito querida, amada, respeitada e nos representa”, disse.
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