“Não há como aprender sem liberdade de opinião”, diz Edna Sampaio

A vereadora Edna Sampaio (PT) esteve presente no ato promovido pela União Estadual dos Estudantes de Mato Grosso (UEE-MT), que reuniu profissionais da educação e estudantes realizaram na manhã desta sexta (3), em frente à Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso.
O protesto foi contra o ato de censura do colégio Notre Dame de Lourdes contra uma professora, que foi suspensa por três dias como punição por ter se manifestado em sala de aula contra a atuação do presidente Jair Bolsonaro. O ato reuniu também lideranças sindicais.
A parlamentar protocolou representações junto ao Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT), pedindo providências sobre os ataques à liberdade de expressão.

No documento ao MPT-MT, Edna Sampaio destaca que a instituição violou gravemente a Constituição Federal no que diz respeito à educação como "preparação para o exercício da cidadania respeito à diversidade e convívio em sociedade plural com múltiplas expressões religiosas políticas culturais e étnicas", diz o documento.
A vereadora aponta a censura imposta à professora, o que viola seu direito fundamental à liberdade de expressão “[...] da atividade intelectual artística científica e de comunicação previsto no inciso 9 do artigo quinto da constituição federal de 1988".
Ela também apresentou representação ao Ministério Público Estadual (MPE) para que investigue o uso indevido do helicóptero do CIOPAER.
“Estamos polarizando com o fascismo e isso é muito triste. Quem diria que, na história do Brasil, conhecido como o país da cordialidade, o povo brasileiro como povo acolhedor, do afeto, pudesse se revelar o que já estava na literatura das ciências sociais do século passado: que esta cordialidade, na verdade, esconde uma violência latente e uma impossibilidade de viver na sociedade moderna, cujas relações são baseadas em um estado supostamente ‘impessoal’”, disse ela, durante o ato.
“Na verdade, não tem nada de impessoal e nós vimos isso com a atuação da Polícia militar sobrevoando uma escola e que deu uma triste lição a todos nós do que não deve acontecer no ambiente escolar. A escola é um espaço de liberdade, não há como aprender em uma prisão, sem liberdade de opinião e a escola precisa aprender a ser um espaço democrático”, disse ela.
A parlamentar reforçou a educação como bem público e concessão do estado para que entes privados possam participar, sem, contudo, ser uma atividade econômica qualquer, já que visa formação de cidadãos e, em uma sociedade democrática, isso inclui respeitar a diversidade de opinião.
“Uma criança que cresce ouvindo opiniões diferentes aprende a respeitar a diversidade que existe em uma sociedade pois a sociedade não é feita de pessoas que pensam igual, são iguais, é feita da diversidade e ela precisa estar presente no processo pedagógico”, salientou ela.
“No dia 7 de setembro, temos a tarefa de expressar a nossa luta pela democracia. Há 21 anos, os segmentos progressistas da igreja católica realizam o Grito dos Excluídos, uma forma de dar visibilidade àqueles que são invisibilizados pela miséria, pela pobreza e por todas as formas de opressão, convido vocês a estarem presentes. Aqui em Mato Grosso, tem democracia e pessoas que lutam por ela”, disse Edna Sampaio.

Uma das lideranças presentes, a professora Sheila Toledo, membro da diretoria do Sintep, destacou a perseguição ideológica contra os professores, que são atacados como anti- patriotas por emitir opiniões críticas ao governo e salientou a importância de retomar os símbolos da pátria como sendo coletivos, pertencentes a todos, e não a um grupo.
“Não podemos esquecer que não aceitamos mordaça, podemos esquecer de onde viemos, nem o que a ditadura fez com esse país, quanta coisa passamos para chegar até aqui”, disse ela. “ A luta, para mim, não começou agora. Estou no movimento desde os 14 anos e vejo qual a importância dos professores terem me ensinado o que é política”.
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