Após, a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para investigar os escândalos de corrupção no Ministério da Educação, vereadora Edna Sampaio (PT) avaliou que a conduta do governo federal abre precedente para os demais executivos, o que pode ser notado pela queda dos investimentos em educação em todos os níveis, o que gerará impactos, em longo prazo, sobre o desenvolvimento do país.
O pedido de abertura de CPI, feito pelos líderes da oposição e da minoria na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Jean Paul Prates (PT-RN), foi protocolado no dia 28 de junho, com amplo apoio entre senadores e deputados da oposição.
As denúncias demonstram envolvimento direto de Jair Bolsonaro na negociação de propinas para a liberação de recursos da pasta, e no tratamento diferenciado dentro do MEC aos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, os quais, segundo as denúncias, estariam conduzindo uma espécie de gabinete paralelo destinado a essas negociações.
“A educação está sendo desmontada, destruída, do nível municipal ao federal, e o MEC está sendo alvo de CPI porque, lamentavelmente, os recursos vinculados à educação se transformaram em moeda de barganha de corrupção. O balcão do MEC virou balcão de negociatas e os prefeitos denunciaram que o pastor Arilton Moura cobrava propina em dinheiro, em ouro e até por meio da compra de Bíblias para liberar recursos do Ministério. Isso levou a cortes sintomáticos, consideráveis na educação”, disse a vereadora.
“Se o governo federal não se organiza, de forma correta, justa, para conduzir as políticas públicas, os governos estaduais e municipais vão se sentir autorizados a fazer qualquer coisa para conduzir gestões que nada têm a ver com interesse público, mas sim com aqueles que se apropriam do espaço e dos cofres públicos como se fossem privados”, disse ela.
“A educação pede socorro, está morrendo. As pessoas estão condenadas ao empobrecimento. Estamos denunciando hospitais lotados, mas ninguém fala sobre as salas de aula, que estão vazias porque as famílias não podem mais sustentar seus filhos nas universidades”.
A parlamentar equiparou as ações dos governos federal e estadual para dificultar o acesso da classe trabalhadora ao ensino superior, um mecanismo de mobilidade social que está sendo cerceado, destacando o quanto isso impactará as futuras gerações.
“O acesso da classe trabalhadora ao ensino superior é fundamental para a mobilidade e para que não tenhamos, no futuro, uma massa de gente pobre. Para que pessoas que acham que a violência se combate produzindo violência não venham falar, no futuro, que bandido bom é bandido morto, quando sabemos que a própria sociedade produziu a miséria, a violência, a pobreza e que o Estado foi omisso”, disse ela.
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