A vereadora Edna Sampaio (PT) entregou nesta quarta (25) uma moção de apoio ao engenheiro Paulo Arifa que, no início do mês de junho, foi vítima de racismo no shopping Pantanal, em Cuiabá, onde foi agredido por seguranças e acusado pela vendedora da loja Studio Z de ter roubado um calçado que havia acabado de comprar na loja.
O caso ganhou repercussão nacional e a vereadora chegou a se reunir com a gerência do shopping para discutir a assinatura de um termo de ajustamento de conduta (TAC), que prevê a adoção de um programa de educação antirracista permanente, com cursos e palestras sobre o tema para o público interno, adoção de cotas para negros em cargos de gerência e trainee, criação de uma ouvidoria e de um fundo de combate ao racismo.
A vereadora informou que voltará a se reunir com o Ministério Público Estadual (MPMT), onde protocolou, no último dia 9, um requerimento para a assinatura do TAC, e com quem vai discutir a adoção de medida similar para a Polícia Militar, a fim de combater a violência policial contra pessoas negras. Neste pleito, ela pretende incluir a demanda da população em situação de rua.
“É preciso ter consciência da importância do debate público sobre racismo. Estamos cansados! Todos os dias, recebo denúncias de agressão contra gente preta, LGBT etc.. Não conseguimos atender a todos. Vamos incluir a população de rua, em sua maioria negra, e que tem sofrido violência policial diariamente”, disse ela.
Ela entregou a Arifa o projeto do Estatuto Municipal de Promoção e Igualdade Racial, elaborado pelo mandato junto com os movimentos sociais, que será protocolado na Câmara na próxima segunda-feira (30).
Durante reunião com a vereadora, nesta quarta, ele comentou o episódio de racismo, destacando a dificuldade existente em se qualificar o crime de racismo e a importância de dar visibilidade aos casos existentes para que estimular isso.
Ele também se disse chocado com o fato de os protocolos seguidos pelos seguranças serem usuais e lamentou que eles tenham sido afastados do serviço, vendo isso como uma forma de colocar sobre eles a responsabilidade sobre o ocorrido.
“Eles tinham plena convicção de ter pego um bandido. Mesmo que eu tivesse cometido um delito, não merecia ser tratado daquele jeito. Ainda não há uma legislação forte o suficiente no Brasil para caracterizar esse tipo de crime e são necessárias mudanças para que realmente se caracterize e se conscientize a população".
Para ele, discutir a questão do negro é fundamental para que se alcance estas mudanças.
“Mesmo quando achamos que, por sairmos da periferia, esse tipo de situação não vai mais acontecer, acontece, às vezes até num nível mais profundo. Pensamos que estamos lidando com pessoas um pouco mais esclarecidas, mas, diante disso, percebemos o quanto a sociedade ainda precisa evoluir”, disse ele. “Somente através do estudo, da educação, poderemos mudar isso”.
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