O corte de R$ 2 milhões feito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) nos recursos de assistência estudantil foi tema de debate nesta terça-feira (4) na Câmara Municipal.
A convite da vereadora Edna Sampaio (PT), o estudante e líder do movimento estudantil, Gabriel Henrique, criticou a redução dos recursos e destacou que 400 bolsas serão afetadas, atingindo os estudantes mais pobres e os cotistas negros. O corte foi anunciado pela instituição no final do mês de março e gerou revolta entre os alunos, que realizaram um protesto no último dia 28 de março e estão mobilizados na instituição à espera de providências. Com a mobilização, a votação da pauta foi suspensa, mas existe o risco de que retorne.
No orçamento da Universidade Federal de Mato Grosso, os recursos destinados para ações de assistência estudantil eram de R$ 16,5 milhões em 2022, e foram apoiadas 4.450 bolsas. Em 2023, além de não ter havido ampliação dos recursos, o número de bolsas foi reduzido para 1.550.
Henrique argumentou que a redução das bolsas é reflexo dos severos cortes na verba para a educação feitos pelos governos Temer e Bolsonaro.
“O ataque à educação brasileira começou em 2016, com a retirada do governo popular de Dilma Rousseff e, a partir daí, tivemos perdas, como a retirada dos recursos dos royalties do pré-sal, que seriam destinados à educação, a aprovação da Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos na educação por 20 anos e o corte de R$ 3,2 bilhões no recurso do Ministério da Educação, o qual refletiu em um corte de mais de R$ 13 milhões no orçamento na UFMT”, disse ele.
O estudante ponderou que a educação vive atualmente um novo momento, que o governo Lula já tem atuado a favor da educação, mas que os desmontes de governos anteriores deixaram marcas muito profundas.
Ele citou entre as medidas positivas do atual governo a criação do piso nacional dos profissionais da educação e o aumento das bolsas de iniciação científica.
“Mas é tanto desmonte, tanto ataque que não há tempo, e as coisas precisam ser encaminhadas. Através da ocupação, conseguimos barrar a votação da corte, mas vamos seguir atentos e mobilizados. O momento agora é de recomposição e o reitor vai na contramão da conjuntura política atual”, disse.
Edna argumentou que a situação da UFMT é vergonhosa e que a Câmara deve se posicionar sobre o caso, pois a situação atinge o município.
““Toda a vida do município, os equipamentos do governo estadual e federal, devem interessar a esta Casa. Lamento muito que o reitor [Evandro Aparecido Soares da Silva], eleito com o voto e a confiança da comunidade, neste momento faça uma escolha que leva ao desamparo dos estudantes da classe trabalhadora, dos que precisam do restaurante universitário, das bolsas e das oportunidades de apoio”, afirmou.
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