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Foto do escritorEquipe Edna Sampaio

Tribuna livre discute falta medicamentos essenciais

Falta de remédios foi debatida na Câmara a pedido da vereadora Edna Sampaio (PT) e mostrou que município descumpre Relação Municipal de Medicamentos Essenciais


Os pacientes da rede pública de Cuiabá têm acesso a somente 20% do total de medicamentos previstos na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME), usada como base para implantação, acompanhamento e avaliação da política de assistência farmacêutica no município.

“O próprio município determina quais são os medicamentos essenciais e temos hoje mais ou menos 20% do que seria necessário e do que está constando na lista”, disse a médica Eliana Maria Siqueira, que atua no SUS há 40 anos e compareceu nesta quinta (14), a convite da vereadora Edna Sampaio (PT), à Tribuna Livre

da Câmara Municipal.

Ela denunciou a situação precária na qual se encontra o fornecimento de medicamentos e insumos, salientando o impacto sobre o tratamento e a prevenção.

Segundo a profissional, apenas 23 dos 110 itens previstos na REMUME estão disponíveis. “A gente não tem nem ao menos dipirona mais, nem medicamentos essenciais para DSTS. Para gestantes, para crianças, estamos praticamente sem nada”, disse.

Segundo ela, faltam remédios básicos, como azitromicina, medicamentos para hipertensão arterial e suplementos para gestantes, além de nunca haverem tido itens como o soro para a reidratação oral e a dipirona injetável. O problema piorou durante a pandemia de Covid-19 e também faltam medicamentos para o tratamento da doença, como xaropes e antibióticos.

A médica integra o Fórum Permanente de Saúde, que atua há muitos anos contra a privatização no setor, que, segundo ela, é a causa dos problemas. Até agosto deste ano, a gestão do Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos (CDMIC) era feita pela empresa Norge Pharma, que é o foco principal da investigação da CPI dos Medicamentos, e com a qual a prefeitura rescindiu o contrato.

“Não tinha essa questão da privatização em Cuiabá. Estranhamente, depois que ela deu errado em várias partes do mundo, Cuiabá começou a privatizar tudo e aos poucos, sem causar muito alarde, mas hoje temos enfrentado esse problema dos medicamentos por conta da privatização do CDMIC, que todo mundo sabia que ia dar errado, mas, mesmo assim, foi autorizada e feita", comentou ela.

Os pacientes mais pobres são os mais atingidos. “Trabalhamos com uma população extremamente carente. A pandemia e a inflação aumentando vêm piorando demais as condições que as pessoas tinham para comprar os remédios. Há anos já não temos medicamentos e insumos para tratamento de feridas, tudo o paciente tem que comprar, só temos gaze, atadura e soro fisiológico'', disse a médica.

Outro problema citado foi o sucateamento do Laboratório Central do município - cujo serviço está sendo terceirizado - onde, por exemplo, falta papel para imprimir o resultado dos exames e os laboratórios terceirizados não se comprometem com o envio dos mesmos.

Segundo Eliana, a quantidade de papel ofertada não atende às demandas e frequentemente o item precisa ser comprado pelos profissionais ou até mesmo pelos pacientes. Outra reclamação é quanto à demora para a coleta dos exames com o uso do atual sistema, considerado muito complexo e de difícil execução.

Ela também relatou falta de insumos para a coleta de materiais para exames preventivos ao câncer de colo de útero e de mamografias, falando das dificuldades em atender a todas as necessidades dos pacientes oncológicos. Também faltam especialistas em áreas como cardiologia, neurologia e ortopedia.

Também faltam medicamentos para o período pré-natal - como o ácido fólico e o sulfato ferroso -, exames básicos para gestantes de baixo risco e atendimento adequado para as de alto risco.

“Nossa gente não tem condições de ser atendida em postos de saúde onde falta tudo. Estamos aqui ouvindo uma médica que fez opção por ser médica de família e há 40 anos está trabalhando no SUS, além de ser uma militante em defesa da saúde pública”, disse a vereadora.

“Não é possível que nós não tenhamos sequer remédio para hipertensão, que os médicos estejam nos postos de saúde vendo as pessoas morrerem sem ter nada o que fazer”, comentou ela.

“Peço aos presentes que cobremos mais do poder público, que a gente destine a nossa ação parlamentar para que os postos de saúde tenham atendimento", finalizou

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