Uma fala feita pela vereadora Edna Sampaio (PT), durante a sessão ordinária desta terça-feira (30) foi o que motivou o pedido de revogação do título de cidadão cuiabano concedido pela Câmara ao deputado estadual Gilberto Cattani (PL) em 2021.
Na última semana, o deputado gerou polêmica ao comparar a gestação feminina à das vacas e, posteriormente, publicar um vídeo em que sua esposa aparece mugindo, como um deboche à polêmica gerada. Ontem (29), ele publicou vídeo pedindo desculpas às vacas por suposta comparação delas a feministas.
A vereadora lembrou que votou contra e protestou contra o título concedido a Cattani em 2021 e destacou o papel da Câmara na concessão da honraria. Ela afirmou que considerou ofensivas as postagens onde o deputado afirmava que ser homofóbico é uma escolha tanto quanto ser gay e por isso foi contra o título.
Edna lembrou que foi condenada pela Justiça a pagar R$ 3 mil de indenização ao deputado por danos morais pelo fato de ter exposto sua opinião sobre o caso nas redes sociais.
Ela destacou os diversos ataques feitos por ele aos direitos LGBT e de outras populações vulneráveis e atribuiu sua conduta à impunidade.
Logo após a fala da parlamentar, o vereador Luis Cláudio anunciou que entraria com requerimento para que o título de cidadão cuiabano fosse revogado.
A vereadora repudiou a violência de gênero cometida por Cattani contra todas as mulheres ao compará-las a vacas, mas também cobrou que os parlamentares dêem atenção à violência que atinge ela própria.
“Para além das falas genéricas sobre violência contra a mulher, precisamos ser capazes de defender também as mulheres que estão sofrendo violência e têm CPF, RG, que senta aqui neste plenário”, disse ela, lembrando que o próprio Cattani já pediu a cassação de seu mandato.
“Tenho sido violentada subrepticiamente por diversas vezes e tenho recebido o silêncio ensurdecedor dessa plenária. Por que? Será que só conseguimos nos solidarizar com quem não tem CPF? Com as mulheres, de forma genérica? Eu não sou mulher?”.
A vereadora apontou que há um silenciamento sobre a violência contra as mulheres e cobrou da Câmara que se posicione.
“A defesa das mulheres vai até onde não prejudica a posição política deste ou daquele. Quero ver todas as mulheres serem defendidas independente de seu partido”, disse.
“Não interessa aqui fazer disputa e discussão genérica sobre violência política contra as mulheres se não somos capazes de nos levantar a favor de uma mulher que sofre de violência aqui”.
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