A Câmara Municipal de Cuiabá aprovou, na sessão parlamentar desta terça-feira (26), o requerimento da vereadora Edna Sampaio (PT) para a realização de audiência pública sobre o tema “Visibilidade Trans”, solicitada pelo Instituto Brasileiro de Transmasculinidade de Mato Grosso (Ibrat-MT) e pela Associação de Travestis e Transexuais de Mato Grosso (Astramt).
O pedido recebeu 15 votos favoráveis e a audiência será realizada no dia 3 de maio.
Julian Tacanã, coordenador do Ibrat-MT, que se pronunciou a pedido da vereadora, frisou que é essencial que os parlamentares elaborem projetos de leis e estejam abertos para pautas e para debates sobre direitos das pessoas trans.
"Quem acompanha nossa luta sabe do acesso limitado da população trans a direitos básicos, como saúde, educação, segurança pública, trabalho, renda e moradia. Portanto, é fundamental que este parlamento, que constrói leis e direitos, esteja aberto para discutir os direitos de nossa população", declarou.
"Nós não estamos fora da sociedade, fazemos parte dela, mesmo sendo marginalizados. É urgente que consigamos trazer para os espaços do parlamento nossos direitos, e que esta casa esteja aberta, com todos os parlamentares, vereadores e vereadoras, prontos para debater nossas necessidades", acrescentou.
Julian também destacou em sua fala que a média de vida de uma pessoa trans ou travesti hoje é de apenas 39 anos, enquanto a expectativa média de vida de um brasileiro é de mais de 70 anos.
A presidente da Astramt, Josy Taylor, destacou a importância de construir a política junto com as pessoas LGBTQIA+.
"Não estamos aqui para brigar, nem para pedir nada além dos nossos direitos. Queremos que vocês conheçam de perto nossa causa, nossa luta, e se juntem a nós nas ruas. Não se trata apenas de apoiar, mas sim de participar de nossas marchas, de nossas paradas pela diversidade, e ir para as ruas conosco, lutar lado a lado".
"Não é apenas uma questão de sair às ruas em época de eleição, mas sim de vir para lutar. Lutar junto com a sociedade, pois nós também somos parte dessa sociedade vulnerável e precisamos do apoio dos parlamentares. É o trabalho de vocês nos acolher, de estar ao nosso lado, de conhecer de perto nossa luta", frisou.
Presença de representantes
Edna destacou que a presença de representantes da população trans de Cuiabá foi necessária porque a maioria dos vereadores decidiu "se retirar" da última quinta-feira (21). Representantes do movimento Mães Pela Diversidade também estiveram presentes.
Edna destacou que os representantes do legislativo não têm o direito de colocar nossa moral religiosa à frente do direito das pessoas.
"Não acreditávamos que o movimento de esvaziamento da sessão ao abordar esta pauta iria se repetir, mas achamos importante que as pessoas trans viessem pessoalmente para dizer da importância de abrir este espaço para essas pessoas. Esta Câmara deve isso. Elas fazem parte do nosso povo e precisam de nós. Por isso, a importância de uma audiência pública".
Ela convidou os parlamentares presentes a conhecerem essa realidade, a apoiarem a causa das pessoas trans. "As pessoas LGBQIA+ são as pessoas mais violentadas e as que mais precisam do apoio estatal, do poder público para, realmente, conseguirem sua dignidade e cidadania", declarou.
Letícia Corrêa
Assessoria de Comunicação
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