“Só vemos privilégio quando é uma mulher preta”, diz Edna sobre salário
Durante a sessão ordinária desta terça-feira (19), a vereadora Edna Sampaio (PT) rebateu as notícias falsas por meio das quais seus adversários políticos tentam, mais uma vez, atribuir ilegalidade ao pleito legítimo feito por ela à Câmara Municipal para passar a receber seu salário de vereadora.
Em seu pronunciamento, a parlamentar rechaçou a narrativa que, ao seu ver, é mais uma tentativa de incriminá-la.
Edna Sampaio é concursada como gestora governamental da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão há quase 23 anos e como professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) há quase 30 anos.
Edna destacou que, de acordo com a Constituição Federal, não há irregularidade no acúmulo dos vencimentos referentes a estes cargos e nem em seu desempenho concomitante à atividade parlamentar, desde que haja compatibilidade de horários, mas que havia optado por não fazê-lo, desde o início do mandato.
Ela esclareceu que, ao ter o mandato ilegalmente cassado, foi obrigada a retornar às suas carreiras de origem e que, dando andamento ao exercício regular das mesmas, soliticou as férias e a licença-prêmio às quais tem direito, e que nunca teve dúvidas de que retornaria em breve à Casa de Leis.
A parlamentar voltou a cobrar respeito dos pares. Ela lembrou que seis vereadores são servidores públicos e cinco deles continuam recebendo salários entre R$ 30 mil e R$ 40 mil em suas carreiras de origem, sem abdicar do salário de vereador, como ela própria fez.
“Seria justo que eu continuasse abrindo mão de meu salário de vereadora depois de três anos sem receber nenhum centavo desse dinheiro, quando todos aqui, que são servidores públicos e recebem, inclusive, salários maiores que eu, não o fazem?”, disse.
“O tempo de escravidão já passou. Não é porque algumas pessoas acham que uma mulher preta não pode receber determinado salário, que ela não pode, tenho o direito e vou receber”.
Para a parlamentar, o verdadeiro questionamento a ser feito deve ser sobre a dependência financeira que alguns vereadores têm em relação ao salário da Câmara, o que os leva a “fazer qualquer tipo de política” para mantê-lo. Em sua opinião, tal remuneração dos parlamentares, que não é ilegal, se torna imoral não diante de sua situação, mas sim da baixa produtividade da Câmara.
“Esse debate é importante, pois só enxergamos privilégio quando ele é usufruído por uma mulher preta”, disse. “A produtividade desta Casa, durante todo esse processo, foi muito baixa. Precisamos melhorar enquanto classe política ", completou.
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