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Situação dos migrantes é tema de tribuna livre



O racismo e a xenofobia contra os migrantes na capital foram tema da Tribuna Livre da Câmara nesta terça (4).


Por iniciativa da vereadora Edna Sampaio (PT), o presidente da Associação de Defesa dos Haitianos Imigrantes e Migrantes em Mato Grosso (ADHIMI-MT), Clercius Monestine, participou da sessão ordinária, onde denunciou diversos casos de negligência do poder público em relação aos migrantes no que diz respeito a serviços como a segurança e a saúde.


Ele cobrou da prefeitura a apuração do caso mais recente de discriminação, ocorrido em abril, quando dois haitianos que usavam um ônibus coletivo foram atacados por outro passageiro com agressões verbais de cunho racista e xenofóbico. O caso está sendo investigado pela polícia e permanece sem solução.


Também foi citada por ele a situação de um casal de haitianos que luta para que seu filho, de nove meses, nascido com graves sequelas, tenha acesso ao atendimento de home care para que possa sobreviver fora do Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá, onde está internado. Sem recursos e sem casa para morar, os pais passam por dificuldades.


A mãe chegou a ser atendida na unidade de saúde do bairro Pedra 90 por duas vezes, nas quais foi encaminhada ao Hospital Santa Helena, mas em ambas foi mandada de volta para casa. Na segunda tentativa, já em trabalho de parto, ela resolveu buscar atendimento no Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá, onde deu à luz. A demora na realização do parto é apontada como a causa dos danos sofridos pelo bebê.



Monestine destacou que a migração de haitianos para a capital aumentou desde 2012 e denunciou que eles convivem também com as agressões, o preconceito a xenofobia.

Ele cobrou respostas da justiça sobre crimes que vitimaram haitianos, baleados em bairros da capital nos anos de 2015, 2016 e 2019, sendo este último caso o de um portador de transtornos mentais. E também citou o óbito de um trabalhador haitiano, em 2014, após procurar atendimento médico no Pronto Socorro de Cuiabá e na Policlínica do Verdão.


“Queremos que a justiça apure estes casos, que entenda as necessidades de fazer valer a lei, nós também contribuímos para o desenvolvimento da cidade, precisamos que as necessidades desse povo que vive na cidade sejam atendidas”, disse ele.


Edna Sampaio agradeceu aos colegas pela aprovação da lei que cria a Semana do Migrante em Cuiabá, de sua autoria. Segundo ela, nesta data serão realizadas atividades para mostrar a cultura dos migrantes, muitas vezes ignorados e agredidas pela sociedade local.


“Todos nós, em algum momento de nossa história, migramos para este lugar, os únicos povos que viviam aqui eram os indígenas, e é preciso que o poder público faça a inclusão destas pessoas que sofrem violência todos os dias por não terem atendimento dentro do município, seja na escola, seja na saúde, seja a acolhida por parte da população”, disse ela. “Os cuiabanos são pessoas muito acolhedoras, e esse acolhimento também vai ser dado à população migrante”.


A vereadora informou que realizará uma audiência pública sobre a situação do migrante, onde um dos temas será a proposta de lei da migração, de autoria do executivo.

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