Por: Neusa Baptista Pinto
As pessoas afetadas pela hanseníase em Cuiabá cobram da prefeitura a priorização destes pacientes na fila de vacinação contra a Covid-19. As dificuldades de acesso aos serviços de saúde, a falta de mobilidade urbana e de acesso à renda destes pacientes foram tema da Tribuna Livre na Câmara Municipal de Cuiabá, nesta quinta (20), com a participação do o coordenador movimento em defesa das pessoas atingidas pela hanseníase (Morhan), João Victor Pacheco Fos Kersul de Carvalho.
“Não há estudos publicados sobre a associação entre a hanseníase e a Covid, mas alguns riscos devem ser observados: o grupo populacional mais afetado pela hanseníase é o das pessoas em situação de vulnerabilidade social, com maior risco para adquirir Covid-19”, disse ele.
Segundo o coordenador, além disso, 30% dos pacientes apresentam quadros inflamatórios agudos e precisam tomar medicamentos que diminuem a resposta imune do corpo, favorecendo a contaminação.
João Victor falou sobre a falta de medicamentos para a doença no sistema de saúde, sem os quais as buscas ativas por pacientes deixaram de ser realizadas pelas unidades de saúde. Isso impactou no volume de diagnósticos.
Além disso, faltam médicos especialistas nos centros de referência e capacitação nas unidades básicas de saúde.
“Precisamos de mais incentivo para que os PSFs tenham o conhecimento necessário para realizar todo o tratamento de uma maneira mais acessível ao paciente; muitas coisas que podem ser resolvidas no posto de saúde são encaminhadas para o centro de referência”, disse.
Ele também reivindicou gratuidade no transporte coletivo para facilitar o acesso ao tratamento.
“É muito importante que tenhamos especialistas em hanseníase nestas equipes para fazer o acompanhamento destas pessoas, pois a infecção de uma pessoa significa a infecção de seus familiares, do grupo que está no seu entorno”, disse a vereadora Edna Sampaio (PT), autora do requerimento da tribuna livre.
“Que a secretaria de saúde promova o atendimento a estas pessoas e os medicamentos que faltam nas unidades básicas. Aliás, temos vários casos de falta de profissionais nas unidades básicas de saúde que nós precisamos discutir e encaminhar solução para isso, porque as pessoas não estão adoecendo só de Covid-19”.