A arquiteta e urbanista Silene Lemes foi uma das convidadas no espaço tribuna livre da Câmara Municipal de Cuiabá nesta terça-feira (31) para tratar dos problemas decorrentes das queimadas urbanas e rurais, da seca e da ameaça de crise hídrica.
Proprietária de residência rural, ela narrou experiências que viveu no combate a diversos incêndios na região, apontando a falta de estrutura do Corpo de Bombeiros local para atender à população.
“Há poucos dias, liguei para os Bombeiros, denunciando um incêndio e o que eu escutei? ‘Não temos equipamento, vamos esperar o fogo chegar até o rio que ele vai apagar’”, contou ela.
“Está com impossível de respirar, o cuiabano está sendo expulso da cidade em que nasceu e que acolheu muita gente. É lindo dizer Cuiabá, cidade verde. Eu nasci na cidade Verde e hoje vivo na cidade cinza”, disse ela, que é co-vereadora do Mandato Coletivo liderado pela vereadora Edna Sampaio (PT).
A participação na tribuna livre aconteceu por iniciativa da parlamentar, que tem em seu mandato um grupo de trabalho voltado ao meio ambiente.
Silene Lemes pediu mais diálogo dos vereadores com a população sobre a questão ambiental e um posicionamento da Câmara em defesa da causa. Também apontou a importância de vencer as barreiras e integrar as políticas públicas entre os municípios, citando, como exemplo a situação da Chapada dos Guimarães.
"O meio ambiente não tem fronteiras. Véu de noiva secou, ele deságua no rio Coxipó, que deságua no rio Cuiabá, que vai para o Pantanal, onde as baías secaram. Se não tem água, o fogo vai estar presente. Por favor, vamos fazer o trabalho conjunto", solicitou.
A vereadora Edna Sampaio citou um projeto de lei de sua autoria, que tramita na Câmara, o qual estabelece multas para pessoas físicas ou empresas que provoquem queimadas urbanas e rurais.
“Mato Grosso tem dado, infelizmente, uma contribuição considerável para o agravamento da crise do clima, do aquecimento global, e precisamos reverter essa situação”, disse ela.
“O combate às queimadas não se inicia no período das secas. É preciso uma política pública continuada, de educação ambiental, de preparação dos agentes públicos, de combate a incêndios, mas também de reflorestamento e de reconstrução do nosso ambiente natural”, comentou.
“É muito importante essa Casa e a população em geral se darem conta do modelo de desenvolvimento que temos em Mato Grosso. Não podemos mais validar esse modelo altamente destrutivo, concentrador de renda”.
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