A vereadora Edna Sampaio (PT) esteve em visita ao Mercado Miguel Sutil, mais conhecido como Mercado Municipal, parte da memória do povo e da história de Cuiabá. Localizado na região central, carrega histórias antigas por ter sido, por muito tempo, o principal ponto de venda de produtos de primeira necessidade.
Ao longo dos anos, os comerciantes tentam sobreviver e buscam, sem sucesso, que o poder público cumpra seu dever de manter o patrimônio, em respeito àqueles que construíram a história e ainda participam da atividade comercial daquele equipamento.
O terreno onde hoje o Mercado está instalado foi adquirido pela Câmara Municipal de Cuiabá em 1903 e, em 1940, a edificação foi erguida, permanecendo sob os cuidados do Legislativo até 2017.
Atualmente, a gestão municipal, de posse da área, realizou um estudo de viabilidade e planeja implantar um plano de recuperação/revitalização do local.
A pesquisa está sendo conduzida pela empresa Promulti Engenharia, Infraestrutura e Meio Ambiente, e o projeto prevê estrutura de quatro pavimentos, estacionamento e praça de alimentação.
Na situação em que o prédio se encontra hoje, os comerciantes permissionários reclamam da falta de atenção por parte da prefeitura, de quem já cobraram providências, sem sucesso. Os quase 30 comerciantes do local denunciam que a falta de infraestrutura atrapalha o fluxo comercial, já que os clientes preferem comprar nos mercados que têm ar-condicionado e espaços mais bem planejados e os investidores não se interessam pelo local, diante das condições precárias.
No início de outubro, durante uma audiência realizada para discutir este estudo, o representante da Comissão da Associação dos Permissionários do Mercado Municipal, salientou que há muito tempo não se revitaliza o Mercado Municipal e que, com isso, ele foi se deteriorando.
A situação atual é de abandono. No telhado, há telhas faltando, a fiação elétrica está exposta e a sustentação do prédio é precária. O piso está em péssimas condições e faltam hidrantes para o combate a incêndios. A sujeira e o mau cheiro são grandes. Para alguns dos comerciantes, a situação do prédio é tão crítica que inviabilizaria uma revitalização.
Como resultado do crescimento da miséria ao longo dos anos, o espaço passou a receber também pessoas em situação de rua e dependentes químicos. Eles temem a falta de segurança e são vítimas frequentes de furtos.
Muitos dos 30 boxes comerciais estão vazios. No momento da visita da parlamentar, apenas um restaurante e um açougue, localizados na parte interna, estavam abertos. "Este mercado é testemunha do progresso, do desenvolvimento acelerado da nossa cidade, isso tem muita importância", disse a parlamentar.
"Os estabelecimentos que estão de frente para a avenida estão abertos, funcionando, mas aqui dentro é uma tristeza a imagem da deterioração, não apenas desse prédio, mas da memória da nossa cidade", comentou ela.
"Espero sensibilizar o poder público municipal para que este espaço seja preservado em sua estrutura arquitetônica e na memória afetiva que nós, cuiabanos e cuiabanas, temos desse lugar", salientou.
Revitalização
Com a suposta revitalização, a prefeitura alega realizar melhorias na estrutura do mercado e trazer o que chama de “novo conceito”.
Porém, o que o projeto faz é descaracterizar o Mercado Municipal que trazemos em nossa memória, um espaço de convivência, retirando-lhe a originalidade e a ligação com a história da cidade, e transformando-o em uma área comercial como qualquer outra, de acordo com padrões capitalistas de gestão do espaço.
A revitalização do Mercado Municipal, assim como a do Centro Histórico e de outros espaços representativos da capital, é muito importante e necessária para a preservação de nossa ancestralidade. Por isso, ela precisa manter o respeito à população e aos permissionários que lá fizeram e fazem história.
Queremos o nosso Mercado Municipal de volta, mas mantendo as suas características arquitetônicas e culturais.
O Mercado Municipal é do povo! O povo tem direito à Memória.
Comments