A vereadora Edna Sampaio (PT) informou que vai propor medida legislativa para que a prefeitura de Cuiabá tome providências contra o baixo índice de amamentação na capital. Ela tem recebido as demandas das mães do segmento, que cobram estas políticas por parte da prefeitura.
Cuiabá e Mato Grosso têm um índice de desmame precoce muito alto com média de amamentação de apenas 54 dias, quando a organização Mundial da Saúde indica que ela aconteça por dois anos ou mais.
“É uma questão que diz respeito à mulher e que não é pauta de políticas públicas. A sociedade patriarcal, machista sempre olha o corpo da mulher, exclusivamente, da perspectiva da sua sexualização e, em razão disso, não se discute nada sobre o corpo das mulheres”, explicou ela.
As mulheres negras e trabalhadoras, por sua vez, contam com menos infraestrutura para dar continuidade à amamentação, diante da exclusão social a que estão expostas.
“Como trabalhadora, não pude amamentar meus filhos por muito tempo, foi menos de um ano a amamentação que pude dar para eles, mas, felizmente, ainda consegui. Hoje, tenho um neto que continua sendo amamentado após um ano e oito meses”, comparou a vereadora.
A parlamentar informou que apresentará uma proposta de política pública para que a prefeitura apoie a amamentação na capital, tema que nunca é tratado pelo fato de não prevalecer o ponto de vista da mulher no exercício do poder, o que está acontecendo à medida que elas adentram estes espaços.
“É muito importante esse tema, precisamos quebrar o tabu em relação à amamentação. Muitas mulheres se sentem constrangidas de amamentar em espaços fora de suas casas. Precisamos fazer uma campanha pela amamentação e o poder público precisa encampar isso”, disse a vereadora.
Tribuna
Na última quinta-feira (12), a vereadora realizou uma tribuna livre com a Josemara Gomes da Silva Lima, do Grupo Supermães, coletivo voluntário de apoio à amamentação.
Ela cobrou a instalação de lactários e espaços para armazenamento de leite na Câmara Municipal, nas unidades de saúde e demais equipamentos públicos, e o incentivo para que as empresas também o façam.
Também avaliou que faltam informação por parte dos empregadores sobre a extensão da licença maternidade para 6 meses.

“Sabemos da importância desse alimento para a saúde das crianças e das mães, previne diversas doenças, melhor a inteligência, reduz as morbimortalidades, previne o câncer de colo de útero ”, disse Josemara.
“É preciso incentivar as políticas públicas para que a gente consiga melhorar os índices de amamentação aqui em Cuiabá”, comentou ela, que também pediu a vacinação para as lactantes com bebês acima de um ano contra a Covid.
Semana da Amamentação Negra

Agosto o mês nacional da amamentação. Nos Estados Unidos e, recentemente, também no Brasil, a última semana do mês (entre os dias 25 e 31) é comemorada como a Semana da Amamentação Negra para aumentar a conscientização sobre a importância e a celebração da amamentação para pais e bebês negros.
O tema da Semana Negra de Amamentação deste ano é “Reviva. Restaurar. Recuperar!"
Precisamos cobrar políticas públicas para amamentação, com foco nas mães negras, que têm suas especificidades.
Saiba mais
Algumas dicas para profissionais de saúde e outros profissionais que lidam com amamentação para promover a inclusão social
Tenha modelos de seios e bebês de “prática” que vêm em todas as cores de tons de pele para que todos possam se ver na classe;
Ao discutir as mudanças no corpo e no peito da grávida, certifique-se de falar sobre como as mudanças podem parecer em uma pessoa negra, bem como em outros tons de pele;
Use cartazes, vídeos e imagens que reflitam famílias negras amamentando seus bebês;
Quando falar sobre icterícia e o recém-nascido, fale sobre o fato de que um bebê negro com icterícia pode parecer diferente de um branco com a mesma condição;
Ao discutir os possíveis problemas de amamentação, reconheça que os sinais de mastite ou infecção por fungos na aréola serão diferentes em corpos negros;
Apoie famílias negras com suas necessidades de lactação, que têm suas especificidades;
Apoie consultores de lactação negras e negros.

Fonte das dicas: projeto Black Breastfeeding Week (EUA, 2020).
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