A vereadora Edna Sampaio (PT) está participando da organização de uma atividade voltada à discussão contra o feminicídio em Mato Grosso.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve 1.350 registros de feminicídio em 2020 e crescimento do número de casos em 14 das 27 unidades federativas. Em Mato Grosso, o aumento foi de 57%.
Para tratar do tema, ela recebeu, nesta sexta (4), o militante histórico do partido, Vicente Ávila, 84 anos, que levou à parlamentar a proposta da realização de uma mobilização de entidades de proteção às mulheres, no âmbito do poder público, para conter os crescentes casos de feminicídio.
A vereadora lembrou que a articulação da rede de proteção às mulheres é uma das prioridades do Mandato Coletivo pela Vida e Por Direitos, e que tem dialogado com as diversas instituições de serviço às mulheres.

“O feminicídio é o sintoma de uma estrutura. É muito difícil prevenir um assassinato que é cometido pelo parceiro afetivo, sexual. Isso torna muito mais difícil combater este tipo de violência, pois, até serem assassinadas, estas mulheres sofrem diversos tipos de violência e, muitas vezes, acham que não vai acontecer com elas”, considera ela.
Professor aposentado da UFMT, um dos fundadores da CUT e do PT, ele enfatizou que, a cada sete horas, uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil.
“O movimento de combate à violência contra a mulher tem que ser de rua, como foi o movimento Diretas Já, envolvendo toda a sociedade. Os homens revolucionários estão aí para contribuir, é preciso criar uma relação que abranja esses homens conscientes. O horror do feminicídio é intolerável”, disse ele.
Edna Sampaio cobrou políticas públicas para as mulheres em Cuiabá e citou medidas legislativas que apresentou para combater a violência contra a mulher, entre elas o projeto de lei que estabelece multa aos autores de violência doméstica.
Outro PL de sua autoria cria um auxílio aluguel para mulheres vítimas de violência doméstica, uma forma de prover um espaço para sua proteção.
A vereadora lembrou que as mulheres são 52% dos 700 mil habitantes da capital, mas que existe apenas uma Casa de Retaguarda, para onde são levadas as vítimas de violência, ameaças etc..
“Mas há mulheres que não sofrem este nível de ameaça, porém também são violentadas. Queremos que a prefeitura institua um aluguel para que possam sair deste ciclo de violência e retomar sua vida em uma situação mais próximas da normalidade”, disse ela.
Ela também citou projeto de sua autoria que obriga o executivo a afixar em lugares predominantemente frequentados por homens, materiais informativos sobre violência contra a mulher.
E citou também o Estatuto da Igualdade Racial, que tramita na Câmara, o qual indica políticas públicas de proteção à vida das mulheres negras.
“Temos feito muita coisa em favor das mulheres, pois entendemos a importância do mandato de uma mulher negra no parlamento para trazer a questão e abrir as portas para as mulheres protagonizarem essa história”, disse ela.
“Temos atuado muito e falta diálogo com os homens. Precisamos falar sobre como os homens podem ajudar na luta das mulheres pela cidadania. Queremos falar das mulheres não só pelo viés do feminicídio e da violência, mas mostrar que são cidadãs. Reivindicamos cidadania plena”, disse ela.
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