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“Denunciar o racismo não é vitimização”, diz Edna Sampaio



Vereadora e movimento negro realizam agenda na capital



Durante entrevista à rádio Bom Jesus FM 92.7, nesta sexta-feira (11), a vereadora Edna Sampaio (PT) argumentou que o ato de denunciar o racismo não pode continuar a ser visto como vitimização, incentivo ao sentimento de pena em relação às pessoas negras, mas sim como reconhecimento de que o racismo realmente vitima a população negra e determina as desigualdades econômicas e de gênero no país.




“Precisamos entender que, quando se fala de racismo, não é uma vitimização no sentido de querer provocar a piedade dos outros. É, na verdade, ter a consciência de que essa sociedade racista está vitimando, sim, as crianças, desde a mais tenra idade e isso é muito grave. Não podemos conviver normalmente com isso”, disse ela.



A parlamentar está divulgando a programação da Semana da Consciência Negra, organizada por ela e pelos movimentos sociais, que começa na próxima quarta-feira (16) e segue até 19 de novembro, em homenagem ao herói negro Zumbi dos Palmares.



A abertura será na próxima quarta-feira (16), às 16h, com uma sessão solene na Câmara Municipal.


A parlamentar articula para que durante a programação o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) sancione o projeto de lei do Estatuto Municipal de Promoção e Igualdade Racial, que foi aprovado na Câmara Municipal nesta quinta-feira (10).



O estatuto traz diretrizes de políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida da população negra nas áreas de saúde, acesso ao mercado de trabalho, direitos da mulher, terras quilombolas, comunicação social, combate à discriminação e defesa da liberdade religiosa.



A vereadora disse que tem se esforçado para que a Câmara assuma a pauta do combate ao racismo estrutural, levando as entidades do movimento negro a estar mais presentes nas dependências da Casa e nas pautas lá debatidas.



Edna afirmou que os impactos do racismo são muito visíveis, exemplificando que a criança negra convive e é influenciada por uma sociedade que ainda considera as características físicas dos brancos como modelo de beleza e isso impacta a forma como ela é tratada no ambiente escolar, por exemplo.




“A pessoa negra é educada pela violência racial, com a qual convive a vida inteira, a se considerar menos, a não ter coragem de se colocar nos espaços. Uma criança branca, quando é posta em um espaço, já se acha dona dele. Toda criança deveria se sentir assim e os pais deveriam, em nome da educação, estabelecer limites saudáveis a ela”, opinou. “Os traços valorizados como belos pela sociedade estão introjetados na gente. Eles vão merecer uma atenção, um carinho e um afeto diferenciados. A criança sente, não precisa de palavras”.



Como professora universitária, citou também como exemplo os jovens negros que acessam o ensino superior, que enfrentam muito mais dificuldades que os brancos para se manifestar e ocupar espaços de poder social.



“É impossível ser negro no Brasil e não ter sofrido racismo ao longo da vida. O racismo está presente o tempo todo em nossa vida e o que queremos gritar para as pessoas é: quem não sofre isso e que hegemoniza, que é maioria no poder, não consegue entender. Queremos gritar, falar, que essa luta tenha visibilidade para que as pessoas entendam que conviver em uma sociedade racista é se sentir o tempo todo fora de sua própria terra ”, disse ela.



Programação



Reunindo feiras, mesas-redondas e atividades culturais, um dos destaque da Semana da Consciência Negra será a exposição “Alma negra”, que prestará homenagem à trajetória de 14 personalidades negras da história e do imaginário mato-grossenses.


Outro ponto alto será a “Caminhada pela paz e contra o racismo”, na quinta-feira (17), com concentração a partir das 8h na Praça da Mandioca. O cortejo, que será entoado pelos cantos aos orixás da Umbanda e do Candomblé, sairá Praça da Mandioca à Praça Alencastro, com parada em pontos da cidade em que houve violência contra o povo negro, tais como o Beco do Candeeiro.




Outro destaque será a Feira de Negócios Afro, que acontecerá também nos dias 17 e 18, das 9h às 18h, na Praça Alencastro, com a comercialização de produtos artesanais nas áreas de confecção, acessórios e alimentação confeccionados por mulheres, uma forma de gerar renda a elas.



“A forma de fazer política para nós, negros, não pode excluir a questão da prosperidade econômica, pois a população negra é a mais pobre. Quero muito poder ajudar, enquanto estiver nesse espaço da política, a abrir espaço para estes empreendedores, para o ‘afro negócio’, pois precisamos empoderar a nossa população economicamente”, disse a parlamentar.


No mesmo espaço acontecerá também a Praça do Axé, onde 10 templos de religiões de matriz africana participarão, trazendo seus rituais e alimentação típica.



Confira a programação completa:



16/11/22



16h - Sessão solene em homenagem a Zumbi dos Palmares, onde serão entregues moções de aplauso a mais de 20 personalidades negras


Abertura da exposição “Alma negra”


Local: Câmara Municipal de Cuiabá



17/11/ 22


8h - “Caminhada pela paz e contra o racismo”


Concentração: Praça da Mandioca, centro



9h às 18h - Feira de Negócios Afro, Praça do Axé e exposição “Alma negra”


Local: Praça Alencastro, centro


19h - Mesa redonda “Religiões de matriz africana”


Local: escola estadual Leovegildo de Melo, bairro CPA 3



18/11/22


8h - Mesa redonda “Mulheres e lideranças negras”


Local: escola estadual Leovegildo de Melo, bairro CPA 3



9h às 18h - Feira de Negócios Afro e Praça do Axé


Local: Praça Alencastro, centro




19/11/22


8h às 18h - Oficinas de maculelê, tranças, capoeira,turbante, boneca Abayomi, exibição do filme "Pantera Negra" e painel fotográfico


Local: escola estadual Leovegildo de Melo, bairro CPA 3



Por: Neusa Baptista Pinto

Assessoria de comunicação


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